Na correria do dia a dia, é comum que muita gente acabe pulando refeições ou até ficando com apenas uma refeição por dia. À primeira vista, pode parecer uma forma de “economizar tempo” ou de controlar calorias. Mas, do ponto de vista da ciência, a história é um pouco diferente.
Um estudo longitudinal americano (SUN et. al, 2023), publicado em 2023, acompanhou mais de 24 mil adultos e mostrou que pular refeições ou concentrar a alimentação em apenas um momento do dia está ligado a maior risco de mortalidade geral e de doenças cardiovasculares.
O que o estudo mostrou
Metodologia em resumo
Mais de 24 mil participantes foram acompanhados ao longo de anos. Os pesquisadores observaram a frequência das refeições (café da manhã, almoço e jantar) e relacionaram esses padrões com saúde e mortalidade.
Resultado: tanto pular refeições quanto concentrar toda a alimentação em apenas uma refeição aumentou o risco de morte por todas as causas, especialmente por doenças cardiovasculares.

Este gráfico compara o risco de mortalidade com o número de refeições diárias. O risco de referência (normal) é o de quem faz 3 refeições por dia. O gráfico mostra que o risco de mortalidade para quem faz apenas 1 refeição por dia é significativamente maior, aumentando em 30% o risco de morte geral e em 83% o risco de morte por doenças cardiovasculares. Para quem faz 2 refeições por dia, o risco diminui, mas ainda é 12% maior do que o do grupo de 3 refeições. Em resumo, o gráfico sugere que, neste estudo, a frequência de 3 refeições diárias está associada ao menor risco de mortalidade.
Por que isso acontece?
O nosso corpo funciona com ritmos biológicos. Quando pulamos refeições:
✸ A glicemia (nível de açúcar no sangue) oscila, tornando difícil manter energia estável.
✸ A fome aumenta, e muitas vezes levamos a refeições maiores e menos balanceadas.
✸ A inflamação pode subir, elevando o risco cardiovascular.
Um exemplo simples: imagine passar o dia sem abastecer o carro e, à noite, encher o tanque de uma vez. O sistema não funciona bem, sobrecarrega. Nosso corpo reage de forma parecida: grandes períodos sem comer seguidos de refeições pesadas podem causar problemas.
Longevidade e envelhecimento saudável
Envelhecer bem não é só viver mais anos, mas manter vitalidade, autonomia e saúde cardiovascular.
O estudo sugere que pessoas que mantêm padrões regulares de alimentação ao longo do dia têm maiores chances de longevidade. Isso não significa exagerar na comida, mas sim não negligenciar refeições importantes, garantindo aporte adequado de energia e nutrientes.
Pular refeições ≠ jejum planejado
É importante diferenciar os dois:
✸ Pular refeições de forma desorganizada (por falta de tempo ou hábito) → aumenta fome acumulada, escolhas ruins e risco de doenças.
✸ Jejum intermitente estruturado → quando feito com horários definidos e acompanhamento nutricional, pode ser seguro.
O problema não é ficar algumas horas sem comer, mas não ter planejamento ou equilíbrio.
Estratégias práticas para manter energia e saúde
Mesmo na correria, dá para adotar medidas simples:
✸ Não negligencie o café da manhã: ele ajuda no controle metabólico.
✸ Organize marmitas ou lanches rápidos: evita depender de opções ultraprocessadas.
✸ Prefira refeições menores e frequentes se notar queda de energia ao longo do dia.
✸ Escute seu corpo: fome é sinal biológico, não fraqueza.
O que isso significa para jovens adultos?
Mesmo que a mortalidade pareça distante aos 25 ou 30 anos, os hábitos que construímos hoje influenciam diretamente o futuro.
Escolher comer apenas uma vez ao dia pode parecer “prático”, mas os dados mostram que esse padrão cobra um preço. A boa notícia é que pequenas mudanças diárias, como parar para almoçar ou preparar um lanche saudável, já fazem diferença.

Considerações finais
O estudo longitudinal americano serve como alerta: pular refeições não é atalho para saúde ou emagrecimento. Pelo contrário, pode reduzir a longevidade e aumentar o risco cardiovascular.
👉 Manter regularidade nas refeições é investir não só na energia de hoje, mas na saúde do amanhã.