Por que falar disso?
Quando escutamos “ultraprocessados”, logo pensamos em coisas como refrigerante, biscoito recheado, salgadinho de pacote, macarrão instantâneo. E, geralmente, associamos ao impacto no corpo: peso, diabetes, pressão alta.
Mas a ciência vem trazendo um alerta extra. Esses produtos também podem mexer com algo ainda mais delicado: a nossa saúde mental.
O que a ciência descobriu
Um estudo publicado no BMJ (2024) analisou dados de quase 10 milhões de pessoas. É muita gente! E o que apareceu foi um padrão bem claro:
quanto mais ultraprocessados na rotina, maior a probabilidade de ansiedade, depressão e problemas de sono.
Os números que chamam atenção
Ansiedade → até 48% mais chance entre quem consome mais.
Transtornos mentais comuns (como estresse e depressão) → risco 53% maior.
Depressão → risco 22% maior em acompanhamentos de longo prazo.
Distúrbios do sono → até 41% mais probabilidade de dormir mal.
⚠️ Vale lembrar: esses dados mostram uma associação, não uma relação de causa direta. Ou seja: pessoas que comem mais ultraprocessados tendem a ter mais problemas de saúde mental, mas isso não prova que eles sejam a causa única.

Como os ultraprocessados podem afetar o cérebro
Os cientistas levantam alguns caminhos possíveis para explicar essa ligação:
Qualidade nutricional baixa
Mais açúcar, gordura e sódio → menos fibras, vitaminas e minerais importantes para o cérebro.
Alterações no intestino (microbioma)
Aditivos como corantes e adoçantes podem bagunçar a flora intestinal, que tem conexão direta com o cérebro (o famoso “eixo intestino-cérebro”).
Inflamação crônica
Dietas ricas em ultraprocessados aumentam inflamação no corpo — algo que também aparece em quadros de depressão e ansiedade.
Oscilações de energia
Alimentos que disparam a glicose rapidamente causam picos e quedas bruscas de energia, mexendo com humor e sono.

E no dia a dia, o que dá pra fazer?
Não é sobre cortar tudo de vez (nem realista seria). A ideia é diminuir a frequência e abrir espaço para comida de verdade. Algumas trocas simples que eu mesmo já faço:
Refrigerante → água com gás e limão ou chá gelado natural.
Biscoito recheado → frutas com iogurte natural.
Pão de forma ultraprocessado → pão integral de padaria artesanal.
Essas pequenas mudanças podem ajudar não só o corpo, mas também o humor, o sono e o bem-estar emocional.
Conclusão
O estudo do BMJ reforça algo que a gente precisa lembrar: alimentação não afeta só o físico, mas também a mente.
Diminuir ultraprocessados e priorizar frutas, legumes, grãos e proteínas frescas pode ser uma estratégia simples, mas poderosa, para cuidar da saúde como um todo.
Não é sobre nunca mais abrir um pacote. É sobre perceber que, quando eles dominam o prato, a mente também paga a conta.